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quarta-feira, 9 de março de 2011

Porno for Pyros - Porno for Pyros [1993]























O Porno For Pyros não é o Jane´s Addiction. A boa mostra de que as coisas aqui são mais em cima já vem na capa: o ônibus espacial da geração pós-Ken Kesey deixando Venice Beach e mergulhando no espaço. É outro tipo de viagem. O grupo anterior de Perry Farrell deixou uma gigantesca família de órfãos que ainda tentam emular seu recado sonoro psico-messiânico que mesclava feitiçaria e funk, drogas e hardcore, conscientização social pró-minorias e hard rock, o sol californiano e o purgatório de se tornar um mito em vida.

O público então só fica olhando o estrago feito pela banda no cada vez mais confuso cenário alternativo. Quando o grupo terminou, um certo ceticismo invadiu até alguns dos mais fiéis fãs da banda: como substituir o guitarrista Dave Navarro (com seus problemas junto a Perry Farrell sendo um dos motivos para o final prematuro)? Farrell conseguiria se superar depois de clássicos como Nothing´s Shocking e Ritual De Lo Habitual? Não faltaram perguntas... Porno For Pyros, disco de estréia da banda, é a única resposta capaz de calar até quem nunca tinha ouvido falar em Jane´s Addiction (tem até quem não goste, mas...).

A metade do Jane´s Addiction -ou seja, Perry Farrell e o baterista monstro Stephen Perkins - mais duas figuras saídas do manicômio pan-cultural de Venice-o ex - Thelonious Monster Martyn Le Noble no baixo e o guitarrista Peter Di Stefano - fizeram, em apenas três semanas de estúdio, uma deliciosa cirurgia na sonoridade da antiga banda de Farrell. O resultado foi dos melhores. Em onze faixas (39 minutos) o ideário da "salvação farrelliana" ganha mais lugares na posteridade: "Eu tenho o demônio em mim", "Daremos bons animais de estimação", "Desde os riots tudo que eu quis foi uma namorada negra". "Conheci uma garota que nunca tinha tido um orgasmo", "Amaldiçoada para nascer", "Bela, pobre e fêmea", "Não há quem sofra mais".


Os lamentos de Farrell coroados por guitarras de grooves rasgados, ácido corroendo as estaladas do baixo, suor descendo pelo tambor trashy afro de Perkins. "Bad Shit" é uma briga de ritmos na noite do calçadão californiano. "Cursed Female" e "Cursed Male" são a trilha-binômio da filosofia live fast , die young às avessas em tempos de Aids. "Pets" é um pop-elegia de espírito psicodélico em homenagem ao fim da raça humana. Será que este disco é tudo isso acima, ou apenas um bom disco de hard rock moderno, com as doses certas de libido indie e boas referências contraculturais? Se um bom crítico de música não tem que ser (ou tem que não ser) músico, não vem ao caso. Dane-se. Porno For Pyros não tem solução verbal fácil em meia dúzia de frases. E se eu só disser que é um puta disco?


*por Fabio Massari [Revista Bizz/julho de 1993]

























|FICHA TÉCNICA|

lançamento| 27 de Abril de 1993
produção|Perry Farrell e Matt Hyde
estúdio|Crystal Studios, Los Angeles
duração| 39:17
selo| Warner Bros.
prensagem| Brasil
encarte| Sim

|CRÉDITOS|

Artwork By [Cover] - Perry Farrell, Bill Hofstadter
Bass - Martyn LeNoble
Drums, Percussion - Stephen Perkins
Engineer - Matt Hyde , Rob Seifert
Engineer [Assistant] - Damien Wagner
Guitar - Peter DiStefano
Mastered By - Chris Belman*
Other [Sound Additives] - Matt Hyde , Skatemaster Tate
Producer - Matt Hyde
Producer, Vocals - Perry Farrell
Written-By - Porno For Pyros









|MÚSICAS|

Side A

A1 Sadness 2:33
A2 Porno For Pyros 3:06
A3 Meija 3:13
A4 Cursed Female 3:24
A5 Cursed Male 3:50
A6 Pets 3:36

Side B

B1 Bad Shit 2:58
B2 Packin' .25 4:08
B3 Black Girlfriend 4:33
B4 Blood Rag 3:29
B5 Orgasm 4:27


|OFFICIAL VÍDEOS|

Pets | Cursed Female





Porno for Pyros faixa a faixa

por José Julio do Espirito Santo [Revista Bizz/julho de 1993]

1. "Sadness": abre o álbum com guitarras bêbadas de wah wah e uma bateria em marcha de elefante africano para dizer que a felicidade é algo bom durante uma hora.
2. "Porno For Pyros": na faixa-titulo, Farrell goza quatro vezes vendo os distúrbios ocorridos em Los Angeles (riots) e a cidade em chamas. Enquanto isso, gaitas mal tacadas vão se apresentando como buzinas no final da música.
3. "Meija": as mesmas gaitinhas primárias iniciam esta faixa junto com uma batucada jazzy. Quando o vocal entra, é impossível não pensar em Jane´s Addiction.
4. "Cursed Female": É o primeiro single tirado do álbum e a música de sucesso por aqui. Nela, Farrell canta os estupros não noticiados do dia-a-dia.
5. "Cursed Male": Um das melhores guitarras do álbum, com letra sobre o "macho amaldiçoado", cheio de grana e sem tempo ou energia para se divertir.
6. "Pets": Segundo single do álbum. Pop movido à bateria de lata, que sugere virarmos bichos de estimação de uma espécie superior.
7. "Bad Shit": Acompanhado de um riff de guitarra e de uma bateria non stop, Farrell imagina ser um chinês, que também é tocador de blues!
8. "Packin´ 25": Mostrando onde esconde sua arma, o vocalista canta um sonho em que aponta o cano para a fuça de um sujeito. Clima de Duke Ellington descambando para o heavy metal.
9. "Black Girlfriend": Baladinha dedicada a uma transa interacial, na qual os versos se intercalam com um solo abestalhado de guitarra.
10. "Blood Rag": Jane´s Addiction com percussão neurótica.
11. "Orgasm": Jazzística, cool como Farrell tenta ser. Para as garotas relaxarem e gozarem, principalmente as que nunca tiveram um orgasmo. Aliás, um ótimo som de fundo para a ocasião.

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