((( VINILGRAFIAS )))

sábado, 30 de abril de 2011

Smashing Pumpkins - Pisces Iscariot [1994]



Sem sobra de dúvida, o Smashing Pumpkins foi uma das principais bandas dos anos 90. Agora, também não há dúvida de que o Pumpkins foi uma das bandas mais prolíficas da última década. Billy Corgan é um sujeito que compõe com uma facilidade espantosa, para ele o ato de escrever uma canção é quase tão corriqueiro quanto regar as plantas ou escovar os dentes.
O resultado disso é que mesmo tendo lançado seis álbuns (dois deles duplos!) em uma carreira de dez anos, o Pumpkins acumulou toneladas de faixas inéditas nesse meio tempo. Para cada disco lançado, a banda tinha praticamente um segundo somente com músicas que sobravam. Esse material aparecia de alguma forma. Em 2002, aproveitando o lançamento de uma coletânea dos hits da banda, um CD com músicas e gravações inéditas foi incluído como bônus no álbum. Durante 1995 e 1996, os singles do álbum Mellon Collie And The Infinite Sadness também traziam várias faixas inéditas. Acabaram reunidos numa box set que tinha no total mais de duas dezenas de canções. Mas, dentre todas as coletâneas de material raro e inédito dos Pumpkins, nenhuma jamais teve e jamais terá a importância e o impacto de Pisces Iscariot, de 1994.



Dois entre tantos motivos fazem de Pisces Iscariot um disco especial. O primeiro, e mais óbvio, é pelas músicas, que são tão boas quanto qualquer uma que efetivamente entrou num álbum oficial da banda. Mas outro motivo é que o Smashing Pumpkins nunca foi tão Smashing Pumpkins quanto em Pisces Iscariot. Explicando: o Pumpkins sempre foi uma banda ousada, que esteve sempre pronta para se reinventar e experimentar novos caminhos a qualquer custo. O resultado é que seus discos são completamente diferentes do outro, do primeiro ao último, cada um aponta para um lado. Já em Pisces Iscariot a banda aparece desprovida de qualquer conceito. Eles não estavam efetivamente buscando nenhum caminho específico, tampouco se distanciando de si mesmos. Eles estavam simplesmente sendo o Smashing Pumpkins. Diverso, vibrante, único, especial.
O disco abre acústico na delicadeza de Soothe, apenas na voz e violão de Corgan. Na seqüência, a explosiva Frail And Bedazzled ataca vigorosa com uma pegada de guitarra e bateria contagiante. Plume tem um andamento mais lenta e pega pesado nas distorções, é uma melodia bem delicada com um acompanhamento de peso. Whir é tão pura e delicada que chega a ser comovente, é o Pumpkins atacando no acústico de novo, desta vez com baixo e bateria acompanhando os violões e até uma guitarra aparece para fazer suas firulinhas. Arranjo impecável, melodia maravilhosa, mais um grande momento.



Blew Away
 é a contribuição do guitarrista James Iha no disco. Até então, é a primeira música que NÃO foi escrita por Billy Corgan a aparecer em disco na carreira do Smashing Pumpkins. Billy cita o fato no encarte: “foi a primeira música que eu não meti o nariz, e estou orgulhoso disso…”. É mais uma bela canção, naquele estilo que viria a marcar todas as demais composições do James que ainda iriam aparecer nos próximos discos e no seu trabalho solo. O vocal delicado e até, certo ponto, distante e etéreo do guitarrista acompanhado por um arranjo magistral. Um dos destaques no arranjo é o solo destruidor do próprio James, quase no final da música, para fechar com chave de ouro.
Em seguida temos uma seqüência de peso: Pissant e Hello Kitty KatPissant talvez seja a mais agressiva do disco, tem um andamento rápido e propício para não ficar parado. Não estranhe caso você se pegue batendo cabeça involuntariamente. Já Hello Kitty Kat é particularmente maravilhosa, aquela combinação perfeita da pegada da guitarra e da bateria. Billy diz no encarte: “essa música era para ter entrado no disco [Siamese Dream], mas os fantasmas do Gish disseram não não não…”. Realmente Hello Kitty Kat, como praticamente todas aqui, não merece o rótulo “b-side” ou “sobra de estúdio”. Mas é isso que faz de Pisces Iscariot um disco tão bem realizado e consistente.



Depois do peso vem mais delicadeza nas acústicas Obscured e Landslide. É possível que, se o Pumpkins reunisse as canções acústicas de Siamese Dream e as de Pisces Iscariot para um disco inteiramente acústico, seria um dos melhores de todos os tempos. Obscured tem um belo refrão enquanto Landslide emociona com facilidade. Na verdade Landslide é um cover do Fleetwood Mac, banda de muito sucesso nos anos 70, mas Billy Corgan se apropriou tão bem da música que efetivamente não soa como um cover é definitivamente uma das mais belas canções desse disco.
Starla. Antes de falar da música em si tem a historinha que todo fã do Smashing Pumpkins já ouviu. Billy conheceu uma garota e perguntou seu nome. “Starla”. E ele: “uau, que nome para uma música!!!”. Dois anos depois acontece de encontrar a mesma garota numa festa e Billy: “e aí, ouviu a música com seu nome?”, e a garota: “meu nome não é Starla, é Darla…”. Enfim, Starla é calma e reflexiva. A música, não a Darla. O arranjo é delicado, mas as guitarras ganham peso e até psicodelia no final, que chega depois de mais de 10 minutos de viagem.
Blue é bem típica do Smashing Pumpkins de então, onde o que mais chama a atenção é aquela “paradinha” espetacular quando Billy canta ‘for you, Blue’Girl Named Sandoz é um cover da música gravada originalmente pelo Animals lá nos anos 60. Mais uma vez, a interpretação é bem Pumpkins, e, se a pessoa não ler no encarte que o compositor não é Billy Corgan, não daria para desconfiar. Girl Named Sandoz foi gravada ao vivo no estúdio da BBC durante o famoso programa John Peel Sessions, e a sonoridade um pouco mais suja da música é em decorrência disso.



La Dolly Vita é mais uma que traz ecos do álbum Gish, a linha melódica do baixo e da guitarra é bem familiar e característica do disco de estréia da banda. Spaced encerra o disco de uma maneira bem peculiar. Uma melodia relaxante misturada a murmúrios com efeitos distorcidos põe fim a um disco impecável.
Claro que não se está querendo dizer que Pisces Iscariot é o melhor disco do Smashing Pumpkins. Com certeza a ousadia do Pumpkins o levou a chegar muito mais longe em seus álbuns oficiais do que atinge o que deveria ser uma mera coletânea de b-sides e sobras de estúdio. Mas o fato é que Pisces Iscariot vale muito a pena ser descoberto.



Por Alexnadre Luzardo [site dying days]













|FICHA TÉCNICA|
lançamento| 4 de Outubro de 1994
produção| Kerry Brown, Billy Corgan, Ted de Bono, Dale "Buffin" Griffin, James Iha, and Butch Vig
duração| 57:26
selo| Caroline Records, Virgin Records America.
prensagem| USA Repress
encarte| Sim
|CRÉDITOS|
Artwork By [Packaging], Photography [Photographing] – Billy Corgan, Michael Meister
Design [Assisting] – Rachel Gutek
Management – Andy Gershon, Raymond Goffer
Other [A&p] – Mark Williams
Producer – Billy Corgan (tracks: A1 to A4, A6 to A8, B2, B3, B5, B6), Butch Vig (tracks: A2, A4, A6 to A8, B2, B3, B5, B6), Dale Griffin (tracks: B4), James Iha (tracks: A5), Kerry Brown (tracks: A3, A5, B2), Ted De Bono (tracks: B1)
Written-By – Billy Corgan (tracks: A1 to A4, A6 to A8, B2, B3, B5, B6), Eric Burdon (tracks: B4), James Iha (tracks: A3, A5), John Weider (tracks: B4), Stevie Nicks (tracks: B1)


|MÚSICAS|
A01 | Soothe [B-side of "Disarm"]Written-By – Billy Corgan 2:36
A02 | Frail And Bedazzled [Siamese Dream outtake]
Written-By – Billy Corgan 3:17
A03 | Plume [B-side of "I Am One" 1992 single release]
Written-By – Billy Corgan, James Iha 3:37
A04 | Whir [Siamese Dream outtake]
Written-By – Billy Corgan 4:10
A05 | Blew Away [B-side of "Disarm"]
Written-By – James Iha 3:32
A06 | Pissant [B-side of "Cherub Rock"]
Written-By – Billy Corgan 2:31
A07 | Hello Kitty Kat [B-side of "Today"]
Written-By – Billy Corgan 4:32
A08 | Obscured [Gish outtake, B-side of "Today"]
Written-By – Billy Corgan 5:22
B01 | Landslide [Stevie Nicks, Fleetwood Mac cover, B-side of "Disarm"]
Written-By – Stevie Nicks 3:10
B02 | Starla [B-side of "I Am One" 1992 single release]
Written-By – Billy Corgan 11:01
B03 | Blue [released on Lull EP]
Written-By – Billy Corgan 3:19
B04 | Girl Named Sandoz [Eric Burdon, John Weider, The Animals cover, released on Peel Sessions EP]
Written-By – Eric Burdon, John Weider 3:34
B05 | La Dolly Vita [B-side of "Tristessa"]
Written-By – Billy Corgan 4:16
B06 | Spaced [Siamese Dream outtake]
Written-By – Billy Corgan 2:24

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Coldplay - A Rush Of Blood To The Head [2002]















Pouco antes do aniversário do 11 de setembro, Chris Martin e seus trés amigos revelaram seu segundo álbum, composto (e desenhado) com o sentimento de "desolação" após os ataques terroristas. A gravação deste disco, que chegou ao primeiro lugar nas paradas da Inglaterra, levou oito meses, entre Liverpool e Londres, sendo interrompida por amigos que logo ficaram "muito entediados" e pelo influente lan McCulloch do Echo and the Bunnymen. Foi ele quem convenceu Martin de que o álbum necessitava lide uma canção que fosse um-dais-três, um-dois-três,um-dois-tres" resultando na psicodélica"A Whisper".

Em vez disso, o piano martelado e os vocais sinceros de "Politik" anunciam um atraente manifesto de pop rock. As melodias e harmonias são gentilmente cativantes, como na incomum "God Put A Smile Upon Your Face" ou em "The Scientist"(inspirada em "It's A Pitty" de George Harrison).


Foi Phil Harvey, integrante da banda, quem convenceu os outros a incluir "Clocks" - uma música embalada por piano de profunda nostalgia, mas ainda assim animadora. Hits contemporâneos, como Kylie Minogue, também inspiraram a banda, e a reluzente e oriental "Daylight" é uma faixa mais animada, que dá vontade de acompanhar cantando. Acrescente a acústica "Green Eyes"; a estratosférica faixa-titulo "A Rush Of Blood To The Head" e o crescendo de "Amsterdam" e você terá aquilo que a NME chamou de "um álbum de extraordinária beleza natural'.

do livro "1001 discos para ouvir antes de morrer"
































|FICHA TÉCNICA|

lançamento| 26 de Agosto de 2002
produção| Coldplay, Ken Nelson
duração| 54:08
selo| Capitol, Parlophone
prensagem| USA
encarte| Gatefold

|CRÉDITOS|

Arranged By [Strings] - Audrey Riley , Coldplay
Co-producer - Mark Phythian
Engineer - Ken Nelson
Engineer [Additional] - Rick Simpson*
Mastered By - George Marino
Mixed By - Coldplay , Danton Supple (tracks: A2, A3, B6, B8, B10) , Ken Nelson , Mark Phythian
Performer - Chris Martin , Guy Berryman , Jon Buckland , Phil Harvey , Will Champion
Producer - Coldplay , Ken Nelson
Recorded By - Ken Nelson , Mark Phythian
Strings - Ann Lines , Audrey Riley , Chris Tombling , Laura Melhuish , Leo Payne , Peter Lale , Richard George , Sue Dench






|MÚSICAS|

Side A
A1 Politik 5:18
A2 In My Place 3:48
A3 God Put A Smile Upon Your Face 4:57
A4 The Scientist 5:09
A5 Clocks 5:07

Side B
B1 Daylight 5:27
B2 Green Eyes 3:43
B3 Warning Sign 5:31
B4 A Whisper 3:58
B5 A Rush Of Blood To The Head 5:51
B6 Amsterdam 5:19








|SINGLES|

1. "In My Place"
Released: 5 August 2002
2. "The Scientist"
Released: 4 November 2002
3. "Clocks"
Released: 10 December 2002
4. "God Put a Smile upon Your Face"
Released: 14 July 2003







sexta-feira, 15 de abril de 2011

Smashing Pumpkins - Siamese Dream [1993]



















O Smashing Pumpkins só não chegou atropelando no mercado musical, vestindo a camisa do “next big thing”, por um daqueles malucos acasos do mundo do rock. E porque não quis.
Desde que apareceu, em 90, com o primeiro single “I Am One”, o quarteto de Chicago atravessou um caos de acertos, que inclui uma estreia já clássica na historia do rock independente, o disco “Gish” – alguns dizem que já passou das 500 mil copias vendidas -, shows memoráveis, casos de amor com Courtney “Cobain” Love, excessos de estrada e respeito exacerbado de critica e público.

O que esperar então do difícil segundo disco por uma grande gravadora? É difícil dizer que a maioria esperava, mas o resultado é uma obra prima.
Gravado em Atlanta, com a produção do mesmo Butch Vig do primeiro álbum “Siamese Dream” mostra uma banda que sabe muito bem o que quer. “Como canta o vocalista, também produtor e líder Billy Corgan em “Today”:” não da pra viver o amanhã / o amanhã é muito longo”. O Pumpkins canta uma psicodelia pesada e melancólica. Os riffs poderosos passeiam sobre grunidos e langores, com climas hendrixianos, calmarias pós-tormentas de Sonic Youth e assim por diante. E seria injusto ficar dando nomes.

O disco abre com “Cherub Rock” um daqueles potenciais hits que raro não passam despercebido pelo publico. “Today” e “Disarm” são tipicas baladas dos Pumpkins, com Alan Mouder que mixou o disco, realçando o lado “britânico” da banda. Em “Geek Usa” a banda encara seus demônios com uma violência metálica assustadora, é pura fúria sensual, sexual.


Smashing Pumpkins é uma das bandas mais completas do momento. E Siamese Dream é um mosaico colorido que visita os parênteses mais radicais do rock, revitalizando-os, intensificando-os. Seu eventual segredo se esconde numa paráfrase do filosofo italiano Guido Ceronetti: para quem não entende as alusões da banda não adianta explicações.

Por Fabio Massari [caderno ilustrada, Jornal Folha de São Paulo de 6 de setembro de 1993].

































|FICHA TÉCNICA|

lançamento| 27 de Julho de 1993
produção| Butch Vig e Billy Corgan
estúdio| Recorded at Triclops Sound Studios, Atlanta, GA
Mixagem| Rumbo Recorders, Canoga Park, CA
duração| 62:17
selo| Virgin Records
prensagem| USA
encarte| Gatefold


Billy Corgan | vocais, guitarra, mellotron em "Spaceboy", arranjos, produção, mixagem
James Iha| guitarra, back vocals
D'arcy Wretzky | baixo, back vocals
Jimmy Chamberlin | bateria
Mike Mills[REM] | piano em "Soma"
Eric Remschneider | arranjos e violoncelo em "Disarm" e "Luna"
David Ragsdale | arranjos e violino em "Disarm" e "Luna"
Butch Vig | produção, engenharia de som, mixagem, arranjos
Mark Richardson | engenheiro de som
Jeff Tomei | engenheiro de som
Tim Holbrook | suporte de engenheiria técnica
Alan Moulder | mixagem
Howie Weinberg | masterização
Len Peltier| direção artística
Steve J. Gerdes | design
Melodie McDaniel | fotografia

|MÚSICAS|

Side A
A1 Cherub Rock
A2 Quiet
A3 Today
A4 Hummer

Side BB1 Rocket
B2 Disarm
Cello - Eric Remschneider
Violin - David Ragsdale

B3 Soma
Piano - Mike Mills

Side CC1 Geek U.S.A.
C2 Mayonaise
C3 Spaceboy

Side D
D1 Silverfuck
D2 Sweet Sweet
D3 Luna
Cello - Eric Remschneider
Violin - David Ragsdale














|SINGLES|

||| "Cherub Rock"||| "Today"||| "Disarm"||| "Rocket"









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