((( VINILGRAFIAS )))

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Red Hot Chili Peppers - One Hot Minute [1995]



Desde sua formação em 1984, os Red Hot Chili Peppers nunca haviam lançado um álbum num espaço de tempo inferior a dois anos, mesmo sendo afetados pela troca constante na sua formação até 1989. Após o lançamento de Blood Sugar Sex Magic, os Peppers viviam o estrelato, a fama, o auge da carreira e uma bem sucedida tour interrompida abruptamente pela saída do jovem guitarrista John Frusciante em um show no Japão. Frusciante já tinha se revelado um prodigioso e talentoso guitarrista desde sua estreia em Mothers Milk e em Blood Sugar Sex Magic ele apenas reafirmou sua capacidade. Assim um substituto a altura desse talento não seria tarefa das mais fáceis.


O guitarrista Arik Marshall foi convocado às pressas em seu lugar a fim de terminar a tour mundial de Blood Sugar Sex Magic, enquanto isso a banda já planejava em alguém para preencher definitivamente o posto de novo guitarrista da banda. De cara pensaram em Dave Navarro guitarrista do Jane’s Addiction que havia chegado ao fim em 1991 [Flea havia feito uma participação tocando trompete na faixa “Idiots Rules” do álbum Nothings Shoking de 1987], porém Navarro estava ocupado com seu projeto  "Descontruction" em parceria com seu colega de Jane’s Addiction Eric Avery, além de também ser assediado por Axl Rose para se juntar ao Guns N' Roses naquela época. Após testarem alguns guitarristas e passado alguns meses retornam as energias novamente sobre Dave Navarro, que nesta segunda investida aceitou o posto em setembro de 1993. Após um período que gerou grande expectativa, a banda apresentou Navarro em pleno festival de Woodstock no verão de 1994 num show para 250.000 pessoas, onde tocaram algumas músicas que viram a compor o novo álbum.

Em estúdio aconteceram alguns conflitos musicais, pois o interesse de Navarro pelo funk era pequeno, o que atrasou consideravelmente o processo de criação e gravação. Além disso, Kieds vinha tentando se recuperam do seu vicio nas drogas e Flea vinha se recuperando por causa da exaustão provocaddas pelos problemas no final da ultima tour. Ao final a banda acabou demorando quatro anos a partir do lançamento de Blood Sugar Sex Magic para lançar One Hot Minute, produzido mais uma vez por Rick Rubin. Ao contrário dos temas predominantemente sexuais dos álbuns anteriores [ironicamente tema muito recorrente no Jane’s Addiction]One Hot Minute é notavelmente mais denso, tratando de assunto como drogas, perda e depressão.

No entanto, Navarro deixou sua marca no álbum. A canção de abertura do álbum “Warped” possui um início viajante e introspectivo, tem um certo toque de Pink Floyd para em seguida surgir um riff direto e preciso que já mostra suas influências de hard rock setentista , notando-se de cara quanta diferença Navarro havia causado no som dos Peppers. Combinado com frases como "Minha tendência para a dependência é ofender-me / Está acabando comigo/ Eu estou fingindo ser forte e livre de minha dependência / Estou entortando-me", mostra outro lado completamente atípico da banda. “Aeroplane” é a típica canção dos Peppers, guitarra simples e cadenciada que abre espaço para uma linha de baixo devastadoramente musical juntamente da bateria concisa de Chad Smith. Trabalho fácil para Anthony Kieds conduzir a canção com maestria, que ainda conta com a presença de Clara Balzary [filha de Flea] nos backing vocals. “Deep Kick” com sua longa introdução através da narrativa de Kieds vai preparando terreno para uma explosão sonora que ao ganhar forma mostra todo o talento de Navarro na condução da guitarra, mantendo-se envolvente e energética e seu também longo final já em calmaria contando com os vocais de Flea.

“My Friends” apesar do seu apelo mainstream é uma forte canção sobre perda e o vazio que ela causa. O vocal doce e suave de Kieds "Meus amigos estão tão aflitos / E à beira do vazio / Não sei de palavras para expressar / Esse vazio” combina perfeitamente com o dedilhar da guitarra acústica de Navarro. “Coffe Shop” é um arrasa quarteirão, onde a coesão dos integrantes em sua execução a deixam ainda mais pesada, onde mais uma vez o destaque é para a quebradeira de Flea Chad ao final da canção, ponto alto do álbum. “Pea” é o momento solo de Flea, com 01:47 de pura gozação"Eu sou um pouco de ervilha / Eu amo o céu e as árvores / Sou uma jovem formiguinha / Checando isto e aquilo/ Eu não sou nada / Então você não tem nada a esconder / E eu sou um pacifista / então eu posso mandar você calar sua boca / Oh yeah... eu sou pequeno / Oh yeah... eu sou pequeno / Dane-se seu babaca / seu caipira homofóbico / você se acha grande e macho / você pode chutar minha bunda / e daí?!” . Pausa para recuperar o fôlego e seguir para “One Big Mob”, forte e imponente com os tribais ensandecidos de Chad Smith, passando em seguida para um encore mais lento e introspectivo, onde Kieds murmura sobre o choro de uma criança ao fundo [voz do bebe James Gabriel Navarro], em seguida a música volta ganhar corpo novamente de forma lenta e cadenciada até a parte final com um solo de "speed metal" por parte de Navarro que faria Dave Mustaine abrir um sorriso no canto da boca, o solo e o final pesadamente “Sabbathiano” ainda conta com a percussão de Stephen Perkins, baterista do Jane’s Addiction. Pura psicodelia.


Nessa altura do álbum apesar de majestoso, já começamos sentir falta daquele toque moleque e faceiro de John Frusciante no som da banda, eis que surge “Walkabout” com seus cinco minutos do mais puro "funk" que só os Peppers sabem fazer. O vocal gingado de Kieds casa perfeitamente com o malabarismo rítmico de Flea e ChadNavarro usa sua guitarra malandra demonstrando linhas melódicas provocantes com sua halilidade no "Wha Wha". Isso porque Navarro não mostrava interesse por funk, imaginem se ele gostasse!
Assim com “My Friends” outra canção que refletiu o momento conturbado da banda é “Tearjerker” que fora composta em homenagem a Kurt Cobain que morreu um ano antes do álbum ser lançado. Destaque para as guitarras de Navarro que possuem uma linha melódica muita delicada e um solo de guitarra bastante inspirado. Seguindo ainda uma veia psicodélica a faixa título “One Hot Minute” é mais direta, um rockão com influências bastante claras de Led Zeppelin e Black Sabbath, ainda que peque por possuir seu final bastante repetitivo e arrastado. A faixa “Falling Into Grace” apesar de inconstante possui uma atmosfera interessante com influências hindu e vozes femininas envolventes e hipnotizantes.

Já em reta final o álbum conta com a matadora “Shallow Be Thy Game” combinando o groove tradicional característico da banda com a genialidade e o vigor da guitarra de Navarro, sendo a canção que melhor sintetizou a pegada da banda naquela época. Um verdadeiro caldeirão sonoro. "Transcending" retoma a temática triste e atmosférica do álbum, sendo composta em homenagem ao ator River Phoenix amigo de Flea que morrera anos antes. Possui linhas de baixo e guitarras harmoniosas e envolventes, e Kieds canta com seu característico swing vocal, sendo uma canção muito bonita, porém emenda de forma brusca com outra parte da canção totalmente fora do contexto, pesada e barulhenta. Esse exagero em uma canção tão magnífica soa desnecessário, mas não tira o mérito de fechar esse grande álbum de maneira brilhante.

One Hot Minute é um álbum marcante que retrada uma fase conturbada da banda, mas que com qualidade soube se sobressair com seus próprios méritos e espantar seus demônios. O álbum possui uma bela e trabalhada arte, constantes no trabalho da banda a partir de Blood Sugar Sex MagicFlea e Chad Smith com as difíceis execuções desse álbum consolidaram sua reputação como uma das duplas rítmicas absolutas do rock atual, enquanto Navarro confirmava seu talento desde a época do Jane’s Addiction, mesmo tendo deixado os Peppers em 1997. Não tem a genialidade e o sabor de Blood Sugar Sex Magic, mas esta num patamar de excelência que talvez nem seus integrante possam perceber.






















FICHA TÉCNICA
lançamento| 12 de Setembro de 1995produção |Rick Rubinestúdio |Junho de 1994 a Junho de 1995 em The Sound Factory, Hollywood, Califórniaduração | 61:24selo|Warner Musicprensagem| Germany - 18o gramencarte| Gatefold

CRÉDITOS
Art Direction - Anthony Kiedis , Dirk Walter , FleaArtwork By [All Art] - Mark RydenArtwork By [Calligraphy] - Sweetbryar LudwigEdited By [Digital] - Don C. TylerEngineer [Additional] - David SchiffmanMastered By - Stephen MarcussenMixed By, Recorded By - D. Sardy*Percussion - Lenny Castro (tracks: 3, 4, 8, 9, 10)Producer - Rick RubinSongwriter - Anthony Kiedis , Chad Smith , Dave Navarro , Flea





MÚSICAS
A1 Warped 5:04A2 Aeroplane 4:45A3 Deep Kick 6:33
B1 My Friends 4:02B2 Coffee Shop 3:08B3 Pea 1:47B4 One Big Mob 6:02Backing Vocals - Aimee Echo
Percussion - Stephen Perkins

C1
Walkabout 5:07C2 Tearjerker 4:19Violin - Tree (2)
C3 One Hot Minute 6:23Backing Vocals - Aimee Echo
Harmonica - John Lurie

D1
Falling Into Grace 3:48Backing Vocals - Kristen Vigard
Vocals - Gurmukh Kaur Khalsa
D2 Shallow Be Thy Game 4:34D3 Transcending 5:46






VÍDEOS
Warped Aeroplane My Friends Coffe Shop







4 comentários:

  1. Esse disco é o meu predileto da banda. Pergunta: Esse vinil é seu mesmo?

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  2. @Bruno Eduardo

    Esse támbem é meu preferido, a trinca MM, BSSM e OHM é destruidora. Esse vinil faz parte da minha coleção que apresento no blog.

    Continue nos acompanhando!

    Abraço

    vinilgrafias®

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  3. Bah cara! Pagou quanto e comprou onde esse belo album? Ótimas resenhas hein. Tenho alguns LP's que você apresenta no blog! Screaming Trees, Teenage Fanclub, Led Zeppelin IV. Continue fazendo esse excelente trabalho.

    Já cheguei a pensar em criar um blog parecido, porém me custaria algum tempo e paciência, ambos não tenho!

    Abraço.

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  4. Album excelente, estou torcendo para que com Josh a banda toque essas musicas ao vivo!! otima resenha!

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