((( VINILGRAFIAS )))

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Até uma criança prefere Vinil.



por André Barciski [blog Uma Confraria de Tolos]

Fim de semana passado fiz uma coisa que estava ensaiando há tempos: desencaixotei e montei minha vitrola.

Tenho uma estante de vinis aqui, parados há tempos por pura preguiça e comodismo.

Eu também queria mostrar os discos para minha filha pequena e ver a reação dela aos vinis.

Não vou entrar na velha discussão analógico vs. digital, até porque esse papo já cansou. Todo mundo sabe que vinil soa melhor que CD, que por sua vez soa infinitamente melhor que MP3 (estou lendo “Retromania”, livro novo de Simon Reynolds, em que ele conta que o MP3 foi criado para ser ouvido enquanto se faz outra coisa, no ônibus, na rua, etc. – faço um post sobre o livro quando terminar).

Seria uma experiência interessante: para mim, que cresci ouvindo vinis, seria uma volta proustiana ao passado; para ela, que tem pouco mais de três anos e NUNCA havia visto uma vitrola em ação, seria uma novidade.

Como reagiria uma criança que não tem sequer a lembrança de discos de vinil e, portanto, nenhum tipo de ligação afetiva com o disco? Será que o vinil seria visto como algo menos impactante que, por exemplo, o disquinho pequeno e prateado que ela se acostumou a ouvir?

Fico feliz em dizer que não. O vinil triunfou. Sucesso absoluto.

O que primeiro chamou a atenção dela foi o ato físico de tirar a capa do plástico, tirar o vinil da capa, pousar a bolacha na vitrola, ligar o aparelho, mover o braço, ver o disco rodando e levar o braço até a borda do vinil. Ela ria sozinha. Quando ouviu aqueles ruídos e, por fim, a música, parecia que estava vendo um truque de mágica.

Realmente, comparada à experiência tediosa de enfiar um CD num aparelho e apertar um botão, uma vitrola é uma verdadeira caixa de Pandora. O vinil tem uma qualidade tátil que falta ao digital.

A outra coisa que mais parece tê-la emocionado foi ver as capas, abrir os encartes, enfim, descobrir que, para cada música, havia uma imagem correspondente.

Passamos horas ouvindo discos, trocando lados de bolachas (outra coisa que ela adorou!) e vendo capas.

Fiquei pensando em quanto tempo fazia que eu não deitava no chão da sala para ouvir música.

A música, cada vez mais, tem se tornado trilha sonora de nosso dia a dia. Ouvimos música para ler, para comer, para uma série de coisas, mas ela está sempre lá como pano de fundo, raramente como protagonista. A praticidade e comodidade estão nos deixando cada vez mais preguiçosos.

Temos 20 mil faixas no Ipod, mas ouvimos cada vez menos música. Uma pena.

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