((( VINILGRAFIAS )))

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

((( The Grunge Years ))) Singles - Soundtrack [1992]


Parece mentira, mas houve uma época onde as grandes gravadoras lançavam trilhas sonoras com coerência artística, aliando músicos de renome com uma proposta sonora condizente com o filme. Longe da prática atual de reunir um ou outro artista consagrado e mais uma penca de ilustres desconhecidos, alguma trilhas sonoras conseguiram agrupar músicas relevantes que muitas vezes deram o ar de sua graça exclusivamente para aquele intento.

Singles saiu na hora certa, em meio à explosão musical do início dos anos 90. Veículos musicais a mil, as bandas alternativas tomavam as paradas e as atenções do público, movimentando dólares nunca antes cogitados pelas gravadoras. O ex-funcionário da revista Rolling Stone, então diretor de filmes, Cameron Crowe sentiu a oportunidade e filmou uma comédia romântica tendo como pano de fundo a efervescente cena de Seattle.

Com uma história bobinha e que pouco se relacionava com o que estava acontecendo no momento (ao contrário do filme “Hype”, que depois viria a traçar um documento a respeito do que ocorrera naqueles anos), Crowe foi esperto ao ponto de convencer alguns artistas de expressão a fazer pontinhas não-compremetedoras no filme, dando a impressão ao espectador que as coisas estavam acontecendo com simultaneidade, ajudando a saciar a ânsia por material que dali vinham. Além disso, teve a iniciativa de filmar a cidade, localizando as ocorrências do filme em parques, bares, pubs, cafés, condomínios, portos, saciando a curiosidade do espectador em torno de como era aquela meca do rock.

Por essa grande sacada, o filme acabou mostrando os artistas em que todos estavam interessados naquele momento, fazendo aparições inusitadas no decorrer da película. Chris Cornell, Pearl Jam, Alice In Chains aparecem como personagens secundários ou fazendo trechos de performances. Lembro que fui assitir ao filme no cinema Baltimore em uma chuvosa tarde de férias, munido de minha camisa de flanela oficial.

Tamanha conexão entre artistas, diretor e proposta do filme resultaram em uma trilha muito superior ao resultado que o filme obteve. O CD reúne artistas selecionados, mesmo sem contar com o grande nome do momento (Nirvana), tocando faixas inéditas e exclusivas, dando à trilha um embasamento ímpar. Ao invés de reedições de canções antes lançadas, de músicas deslocadas do tema ou de qualquer porcaria de uma banda sem expressão, oferece-se um retrato de uma época, obtido com o aval dos que ali participaram.

O Alice In Chains abre os trabalhos com a então inédita Would, que roubou horas e horas de exibição da MTV (naquele tempo ela era muito legal) e dava uma prévia do que estaria em seu álbum subseqüente, o clássico da época grunge Dirt. O até hoje queridão Pearl Jam meteu duas músicas na trilha. Breath remetia aos tempos do álbum Ten, com aquele metal soft e melódico, soando até um pouco ingênuo se comparado com músicas que eles viriam a fazer no futuro (pensou em Do The Evolution?). É deles também State Of Love And Trust, um clássico entre os fãs da banda que até hoje figura em um ou outro show dos caras, com suas guitarras mais pesadinhas e a empolgação do carismático Ed Vedder.

O vocalista do Soundgarden Chris Cornell aparece com uma inusitada canção solo, uma balada com cara de demo ao violão, mas que acabou tornando-se sua melhor aventura fora do Soundgarden. Quem dera seu álbum solo de 1999 tivesse herdado a mesma inspiração que Seasons apresentou. Paul Westerberg entrega as duas faixas pop do disco, provavelmente encomendadas pelo diretor que precisava de um embalo alegrinho para as desventuras românticas de Matt Dillon e Bridget Fonda.

Os Lovemongers fazem um cover ao vivo de The Battle Of Evermore do Led Zeppelin e assumem o momento baixo do disco. Uma canção dupla do já extinto Mother Love Bone presta tributo ao falecido vocalista Andrew Woods e induz o ouvinte a descobrir o que existia antes do Pearl Jam. Chloe Dancer/Crown Of Thorns é uma bela música ao piano, que constava também em versão editada no álbum Apple.

O peso pega com o Soundgarden e suja de vez com o Mudhoney. O primeiro deixa sua contribuição de neo-Black Sabbath e o segundo carimba o CD com a garageira que transformou o grunge em uma febre. Bem sacada é a inclusão de Jimi Hendrix, natural de Seattle e erroneamente dito “pai” da cena (musicalmente ele não tinha a menor relação com os pupilos, que viriam a ser novamente apadrinhados por Neil Young).

May This Be Love traz um toque psicodélico-retrô. Perto do final, os Screaming Trees colaboram com a melhor música de sua carreira (que seria disponibilizada em seu disco Sweet Oblivion), Nearly Lost You é um hitzão que funciona até os dias de hoje. As guitarras pesadonas e a voz rouca de Mark Lanegan nunca soaram ao mesmo tempo tão perfeitamente rock e tão inspiradas como nessa faixa.

O disco fecha a conta com Drown, dos então emergentes Smashing Pumpkins. A faixa é um clássico, preferida de dez entre dez fãs do quarteto. As guitarras em estilo sinfônico em contraste com as microfonias, o frágil vocal de Billy Corgan, a produção de Butch Vig eternizaram a música. Chave de ouro para uma trilha respeitável.

Enquanto o filme utilizou de alguns esteriótipos e sacadas hollyoodianas para padronizar uma cena para as grandes massas, a trilha por sua vez serviu para oficializar um número de artistas que, naquele momento, recebiam todas as atenções do planeta. Unindo os interesses comerciais da gravadora com o interesse do público, a trilha de “Singles” mostrou ser possível unir música e imagens de forma coerente e com credibilidade.

por Vicente M. do site dyingdays














((( FICHA TÉCNICA )))

lançamento| 30 de Junho de 1992
produção|Cameron Crowe , Danny Bramson
estúdio|Varios
duração|64:49
selo|Epic
prensagem|Brasil
encarte|Não
artwork By [Art Direction] | David Coleman , Nancy Donald
photography | Steve Nilsson
photography [Additional] | Karen Moskowitz

((( MÚSICAS )))

A1 Alice In Chains - Would? 3:27
Mixed By - Rick Parashar
Mixed By, Written-By - Jerry Cantrell
Producer - Alice In Chains

A2 Pearl Jam - Breath 5:25
Mixed By - Brian Malouf
Producer - Pearl Jam , Rick Parashar
Written-By - Eddie Vedder , Stone Gossard

A3 Chris Cornell - Seasons 5:45
Written-By, Producer, Mixed By - Chris Cornell
A4 Paul Westerberg - Dyslexic Heart 4:28
Producer, Mixed By - Scott Litt
Producer, Written-By - Paul Westerberg

A5 Lovemongers, The - Battle Of Evermore 5:41
Mixed By - Tod Lemkuhl
Mixed By, Producer - Brett Eliason , Steve Smith (3)
Written-By - Jimmy Page , Robert Plant

A6 Mother Love Bone - Chloe Dancer / Crown Of Thorns 8:16
Mixed By - Tim Palmer
Producer - Mark Dearnley
Producer, Written-By - Mother Love Bone
Written-By - Andy Wood*

B1 Soundgarden - Birth Ritual 6:05
Mixed By - Ron Saint Germain*
Producer - Terry Date
Written-By - Chris Cornell , Kim A. Thayil* , Matthew D. Cameron*

B2 Pearl Jam - State Of Love And Trust 3:46
Mixed By - Brendan O'Brien
Producer - Pearl Jam , Rick Parashar
Written-By - Eddie Vedder , Jeff Ament , Mike McCready

B3 Mudhoney - Overblown 2:58
Mixed By, Producer - Conrad Uno
Mixed By, Written-By - Mudhoney

B4 Paul Westerberg - Waiting For Somebody 3:25
Mixed By - Susan Rogers
Written-By, Producer - Paul Westerberg

B5 Jimi Hendrix - May This Be Love 3:10
Written-By - Jimi Hendrix
B6 Screaming Trees - Nearly Lost You 4:06
Mixed By - Andy Wallace
Producer - Don Fleming
Written-By - Lee Conner* , Mark Lanegan , Van Conner

B7 Smashing Pumpkins, The - Drown 8:17
Producer, Mixed By - Butch Vig
Producer, Mixed By, Written-By - Billy Corgan

((( VÍDEOS )))

Alice In Chains - Would?


Paul Westerberg - Dyslexic Heart (Official Music Video)

Lovemongers - Battle of Evermore

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

((( The Grunge Years ))) Screaming Trees - Sweet Oblivion [1992]



A 150 km da inevitável Seattle, foi formada aquela que talvez seja a melhor banda da região: Screaming Trees. Com mais de sete anos, depois de quatro álbuns independentes, chega ao segundo por uma major.
Sweet Oblivion é resultado da química clássica do rock´n´roll: um vocalista/letrista carismático (Mark lanegan), um guitarrista capaz de criar riffs inesquecíveis (Gary Lee Conner) e uma cozinha segura (Van Lee Conner no baixo e Martin Barrelt, ex-Skin Yard, na bateria).

Claro, há também o elemento inefável, indizível, que torna as músicas especiais. O quarteto compõe, não posa (mesmo porque os irmãos Conner pesam juntos trezentas quilos, o que não impede que sejam ensandecidos no palco).

O álbum tem uma regularidade rara. Nenhuma das onze faixas é fraca. Começa com o peso de "Shadow Of The Season" e termina com o peso maior ainda de "Julie Paradise". No meio, duas magníficas rendições ao pop: o hit "Nearly lost You" e ´Winter Song", além das não baladas: "Dollar Bill" e "No One Knows". Tudo com o sabor contemplativo, intimista e passional das letras de lanegan, seguramente uma das melhores vozes dos últimos tempos, à qual o clichê "encharcada de bourbon" cai como uma luva.

Influências? Semelhanças? Blues rural, rock psicodélico, Jim Morrison, The Allman Brothers Band... Um disco emocionante, para ser ouvido o mais alto possível.

Deus ama os Screaming Trees. Quem garante é o próprio guitarrista do quarteto, Gary Lee Conner, um aglomerado de banha capaz de fazer Jô Soares parecer Victor Fasano. Foi o que ele disse à Rolling Stone. E terminou sentenciando: "Deus ama a banda porque nunca dissemos um palavrão em um disco novo".Se valer a tese esotérica de Conner - até três anos atrás carola praticante - está explicado o atual estado de coisas no front do grupo. Sempre à beira da dissolução durante sete anos de uma carreira no mínimo irregular, da noite para o dia os Screaming Trees viraram sucesso.

Graças à MTV, que agiu como uma espécie de torcida organizada depois que "Nearly Lost You" (também integrante da trilha sonora do filme Vida De Solteiro) virou hit de rádio. Isso, depois da banda ter se esmerado para produzir um disco à altura da "despedida" dos Screaming Trees.

"O timing foi inacreditável", argumenta Conner, já de volta aos assuntos da Terra, num quarto de hotel em West Hollywood. "Foi uma coincidência! Primeiro saiu a trilha do filme e nossa faixa virou sucesso, pouco antes do lançamento de Sweet Oblivion" (sexto álbum dos Screaming Trees, vendeu 250 mil cópias).

Eles estão crescendo em popularidade sem parar, graças também à turnê com Alice In Chains (e por causa disso o grupo é sistematicamente agregado à "cena Seattle", embora sejam de uma cidade vizinha (Ellensburg) e estejam em atividade bem antes de Kurt Cobain ter sonhado com "Smells Like Teen Spirit". Mas não estão nem um pouco intimidados com a fama instantânea. "Não éramos famosos", diz Lee, "mas éramos conhecidos no underground, e era só isso que queríamos. Até que a merda bateu no ventilador..."

por Revista Bizz/Abril de 1993

















((( FICHA TÉCNICA )))

lançamento|08 de Setembro de 1992
produção| Don Fleming
estúdio|Baby Monster, NYC & Sear Sound, NYC.
duração| 46:13
selo|Epic
prensagem|Brasil
encarte|sim

((( MÚSICAS )))

A1
Shadow Of The Season4:34
A2
Nearly Lost You4:07
A3
Dollar Bill4:35
A4
More Or Less3:11
A5
Butterfly3:22
A6
For Celebrations Past4:09
B1
The Secret Kind3:08
B2
Winter Song3:43
B3
Troubled Times5:20
B4
No One Knows5:13
B5
Julie Paradise5:05


((( SINGLES )))


Screaming Trees - Nearly Lost You



Screaming Trees - Dollar Bill

sábado, 17 de dezembro de 2011

((( The Grunge Years ))) Alice in Chains - Dirty [1992]


Quando Seattle foi designada como o epicentro de um movimento musical, no inicio dos anos 90, o Alice in Chains e seu álbum Dirty se viram, inesperadamente, no centro da atenções.Até então o grupo era considerado como "uma banda de metal em ascenção", sendo a banda de abertura de shows do grupo Van Halen e Poison. A sua aparicem no filme de Cameron Crowe, Singles - o que ha de mais proximo de uma versão cinematográfica do movimento grunge de Seattle, lhes trouxe notoriedade imediata. A inclusao de uma música sua "Would?" no filme gerou interesse pelo álbum, que se tornou um grande sucesso, chegando ao sexto lugar nas paradas norte americanas.

A banda representava bem a cena de Seattle com suas guitarras cheias de distorções e as letras melancólicas.Armado com um som influenciado pelo Black Sabbath e as melodias marcantes de Layne Stanley, Dirty contribuiu para que o grunge se tornasse um gênero musical.

O disco estava repleto de alusões a dependencia de drogas de Stanley, uma antevisão de sua morte por overdose quase uma década depois. Sem dúvida havia indicios a respeito nas músicas sobre drogas e suicidio, como "Junkhead" : We are an elite race of your own! The stoners, junkies, and freaks" ( Somos uma elite racial á parte! Os maconheiros, viciados e anormais") e "Dirty": "I want to taste the dirty, stinging pistol/Im my mouth, on my tongue ( Quero experimentar a picada suja da pistola/Em minha boca em minha lingua).

Quando o álbum foi lançado, os problemas pessoais de Laney foram negados pela imprensa, embora fosse fácil de perceber que havia algo de errado com ele. Como foi públicado na Spin magazine " há uma sinceridade brutal mas preocupente nas letras... como uma forma de cortar o próprio corpo e deixar que os ouvintes olhem dentro dele". Não ha duvidas de que o Alice in Chains transmitiu uma mensagem bem clara.



((( FICHA TÉCNICA )))

lançamento| 29 de Setembro de 1992
produção|Alice in Chains, Dave Jerden
estúdio|March–May 1992 at Eldorado Recording Studios, Burbank, California; London Bridge Studio, Seattle, Washington; One on One Recording Studios, Los Angeles, California
duração|57:35
selo|Columbia Records
prensagem| Brasil
encarte| Sim

((( CRÉDITOS )))

Bass – Mike Starr*
Drums – Sean Kinney
Engineer – Brian Carlstrom*
Engineer [Assistant Mix] – Annette Cisneros
Engineer [Assistant] – Annette Cisneros, Ulrich Wild
Management – Kelly Curtis, Susan Silver
Mastered By – Eddy Schreyer, Steve Hall
Producer – Alice In Chains
Producer, Mixed By – Dave Jerden
Vocals, Guitar – Jerry Cantrell, Layne Staley



((( MÚSICAS )))


A1 Them Bones
Written-By – Cantrell*
2:30
A2 Dam That River
Written-By – Cantrell*
3:09
A3 Rain When I Die
Written-By – Cantrell*, Staley*, Starr*, Kinney*
6:02
A4 Down In A Hole
Written-By – Cantrell*
5:37
A5 Sickman
Written-By – Cantrell*, Staley*
5:31
A6 Rooster
Written-By – Cantrell*
6:15
B1 Junkhead
Written-By – Cantrell*, Staley*
5:09
B2 Dirt
Written-By – Cantrell*, Staley*
5:17
B3 Godsmack
Written-By – Cantrell*, Staley*
3:51
B4 Hate To Feel
Written-By – Staley*
5:17
B5 Angry Chair
Written-By – Staley*
4:48
B6 Would?
Written-By – Cantrell*
3:27




((( SINGLES )))


"Would?"
Released: 1992

"Them Bones"
Released: 1992

"Angry Chair"
Released: 1992

"Rooster"
Released: 1993

"Down in a Hole"
Released: 1993
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