As bandas de Seatle têm atitude. O Nirvana quer destruir o mundo. O Soundgarden quer reconstruir o mundo. O Mudhoney está pouco se fodendo. Piece Of Cake (quer dizer moleza, barbada, em inglês), terceiro álbum do Mudhoney e o primeiro a sair no Brasil (sem contar o anterior, Every Good Boy Deserves Fudge, lançado em edição limitada por aqui pela loja paulista Studio Tan) reafirma, para muito além da dúvida, que alguns músicos como eles, simplesmente, "don´t care", não dão a mínima. E isso é muito legal.
Já se escreveu que Mudhoney é uma cópula bestial entre The Fall e Black Sabbath. Verdade. Mas também é verdade que nunca como em Piece Of Cake, a fórmula grunge aparece tão cristalina, sem afetações à la Pearl Jam ou arrebentada pelo niihilismo compulsivo do Nirvana.
O último disco do Mudhoney tem todos os elementos da trinca "black" que esculpiu o tal som de Seattle, elevados à potência máxima: a cavernice do Black Sabbath, a pegada do Black Flag e o terremoto desconstruído do Big Black.
Se você já escutou coisa mais pesada do que faixas como "Living Wreck", "Take Me There" e"Suck You Dry" é porque você é tão velho quanto o universo e presenciou ao vivo o Big Bang. Só não dá para falar das letras. O disco veio sem encarte e não consegui entender nada.
Every Good Boy Deserves Fudge sugeria uma banda meio brincalhona demais, algum cruzamento indesejável entre Black Sabbath e They Might Be Giants. Ainda bem que não vingou.
O novo álbum retoma, melhorado, o poder destrutivo do primeiro, o auto-intitulado Mudhoney. Tem lá suas piadas - vinhetinha de baixo e peidos, solinhos country, mas nada muito chato.
Para a turma "bandwagonesque" que está entrando no trem de Seattle agora, é sempre bom avisar: o Mudhoney foi a primeira banda de lá que estourou nacionalmente, com o doce single"Touch Me, I´m Sick" (a capa era uma privada sobre um fundo azul-calcinha). Foi a última das grandes a assinar com uma gravadora major - no caso deles, com a Warner.
Entrou mais grana, o som não mudou e estamos todos felizes.
por Álvaro Pereira Junior [ Revista Bizz - janeiro/1993]
((( FICHA TÉCNICA )))
lançamento| Outubro de 1992
produção|Conrad Uno, Mudhoney
estúdio|Recorded at Egg Studios, Seattle,
duração| 44:33
selo| Reprise Records
prensagem| Germany
encarte| Não
((( FORMAÇÃO )))
Vocals, Guitar, Guitar [Slide], Organ, Piano – Mark Arm
Guitar, Bass [Key Bass], Harmonica, Banjo, Vocals – Steve Turner
Drums [Trap Set], Marimba, Vocals – Dan Peters
Bass, Vocals – Matt Lukin
((( CRÉDITOS )))
Artwork By [Illustrations] – Mr. Edwin Judah Fotheringham*
Artwork By [Lettering] – Mr. Nathan Joseph Gluck*
Design – Mr. Arthur Samuel Wilbur Chantry II*
Engineer – Conrad Uno
Photography – Mr. Charles Joseph Peterson*
Producer – Conrad Uno, Mudhoney
Written By – Mudhoney
((( MÚSICAS )))
A1 Untitled 0:39
A2 No End In Sight 3:35
A3 Make It Now 4:25
A4 When In Rome 3:54
Backing Vocals, Handclaps – Bob Whittaker, Matt Lukin, Scott McCaughey, Steve Turner, Tad Hutchison
A5 Untitled 0:25
A6 Suck You Dry 2:34
A7 Blinding Sun 3:39
A8 Thirteenth Floor Opening
Backing Vocals [Added] – Conrad Uno 2:31
A9 Youth Body Expression Explosion 1:59
B1 I'm Spun 4:04
B2 Untitled 0:39
B3 Take Me There 3:32
B4 Living Wreck
Backing Vocals [Added] – Conrad Uno 3:30
B5 Let Me Let You Down
Backing Vocals [Added] – Conrad Uno 3:57
B6 Untitled 0:28
B7 Ritzville 2:38
Backing Vocals, Handclaps – Bob Whittaker, Matt Lukin, Scott McCaughey, Steve Turner, Tad Hutchison
B8 Acetone 4:15
Backing Vocals [Added] – Conrad Uno
((( SINGLES )))
Suck You Dry
Blinding Sun